Falar em uma lista com as melhores escolhas se trata de algo muito particular. Talvez por isso eu tenha listado a relação dos dez melhores filmes que já vi, e que, direta ou indiretamente, influenciaram minha forma de ver ou interpretar os fatos que me cercam. Obviamente, outras pessoas podem ter uma idéia diferente, escolhas diferentes, mas listei aqui o que o cinema fez de melhor, e o que influenciou o resto do mundo em gênero, estilo, interpretação, direção, roteiro, iluminação, arte, e por aí afora.
Janela Indiscreta.
Porém, num belo dia, o fotografo passa a desconfiar que um de seus vizinhos matou a esposa e a enterrou em seu jardim. Domado por sua paranóia latente e detalhista, ele pede que sua bela namorada, interpretada por Grace Kelly, o ajude a desvendar esse suposto assassinato.
Este filme está em minha relação pois a forma como Hitchcock filma cada cena, a forma como acompanhamos o delírio do personagem principal, tentando desvendar o dia a dia de seus moradores, e o crescente clímax de suspense que se cria, fazem com que você se pergunte muitas coisas a respeito do que está vendo, e das coisas que acontecem ao seu redor, e dos seus próprios vizinhos.
Obviamente, hoje, com toda a tecnologia disponível, os detalhes de um filme de suspense de seis décadas atrás podem não ser tão surpreendentes, mas para os anos 50 do século XX, e para um gênero ainda jovem, foram um verdadeiro arraso.
Lançado em 1956, com o título original Giant, para mim, este filme é grandioso não pelo simples fato de ter no elenco Elizabeth Taylor e James Dean, um roteiro impecável, uma direção de primeiríssima qualidade, além de uma fotografia de encher os olhos. O que mais me marca nesta obra é o retrato dos Estados Unidos na transição do século XIX para o século XX, bem como dos elementos que compõem a caracterização de sua economia e da solidificação de uma nação.
Assim Caminha a Humanidade retrata um mundo a parte do fim do ápice e hegemonia européia, transferida para a América, mais precisamente América do Norte. Um local de muitas possibilidades e oportunidades, com terras fartas, com um povo miscigenado, disposto a tudo para conquistar seu lugar ao sol.
Este filme representa a continuidade da civilização, superando a saturação que a Europa apresentava, para começar o novo. Se quisermos um filme para compreender o que acontece no mundo de hoje, este filme é obrigatório. Sua grandeza está além de toda a qualidade cinematográfica que ele apresenta.
O filme foi dirigido por um diretor extremamente talentoso, George Stevens, além de ter um elenco grandioso, com Rock Hudson, Carroll Baker, Dennis Hopper, além dos citados acima Liz Taylor e James Dean.
Lançado em 1957, e digido por Billy Wilder, Testemunha de Acusação conta com Tyrone Power, Marlene Dietrich, Charles Laughton e Elsa Lanchester no elenco. É, sem dúvida, um dos melhores filmes de tribunal já feito, com interpretações desconcertantes, e com um final mais do que surpreendente.
A história se passa na Inglaterra, e foi adaptada para o cinema a partir de uma peça de teatro de Agatha Christie; tem no elenco a enigmática e fria Marlene Dietrich, construindo uma personagem dúbia, fria, manipuladora, capaz de causar revolta e espanto a qualquer um que a conheça. No filme ela faz Christine Helm Vole, esposa de Leonard Vole, jovem rapaz que é acusado de assassinato.
Como réu, temos o pacato e ingênuo Leonard Vole, interpretado por Tyrone Power, que é acusado de assassinar uma senhora viúva de meia idade, para se aproveitar de seu dinheiro e testamento, apesar de sua aparente inocente.
Para defende-los no tribunal está Sir Wilfrid Robarts, interpretado por Charles Laughton, perfeito no papel de advogado experiente que, apesar da saúde debilitada, aceita defender uma causa quase impossível. Advogado astuto, a caracterização de seu personagem é compreendida de detalhes mínimos que tornam sua interpretação única.
Neste filme, nada do que parece é, nos vemos envoltos em uma trama mentirosa, espinhosa, que parece não ter fim. Mas se trata de um filme com uma cadência perfeita, diálogos eficientes, e narrativa inteligente. Na direção, ninguém menos que Billy Wilder, um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos. Para quem gosta de um bom filme de jurados, tribunal, investigações e reviravolta, é o melhor que se pode assistir.
Um western completo, que transcende a seu gênero. Começamos com um homem da cidade, James McKay, interpretado por Gregory Peck, que chega a uma cidadezinha agrícola do Oeste, para se casar. Homem considerado dócil demais, por conta dos fazendeiros e povo da região, aos poucos tenta provar seu valor e conhecimento, contra o modo aparentemente bruto e rude em que vivem os locais.
O filme Psicose, dirigido por Alfred Hitchcock e estrelado por Anthony Perkins é, talvez, o maior filme de suspense de todos os tempos. Quem nunca viu a famosa cena em que uma mulher é esfaqueada no chuveiro, por uma velha, ao som de uma música insistentemente incômoda, e termina com a vítima arrebentando os ganchos do box de plástico e caindo na banheira, com o sangue escorrendo junto com a água pelo ralo?
O filme foi lançado em 1960, e conta no elenco com Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin e Martin Balsan. Do ponto de vista comercial, foi um excelente negócio, pois custou menos de US $ 1 milhão de dólares, mas faturou mais de US $ 50 milhões de dólares em bilheteria. Para a época, foi um enorme sucesso.
Acredito que Hitchcock seja o diretor que mais influenciou e inovou no cinema. Era metódico, sarcástico e com uma visão cinematográfica privilegiada. Como eu já disse, talvez para os dias de hoje, algumas de suas cenas não tenham tanto impacto. Mas, para a sua época, era algo impressionante.
Sua longa e qualificada filmografia faz dele um dos diretores mais importantes da história do cinema. E sua influência teve impacto ao redor de todo o mundo. Apesar disso, jamais recebeu um Oscar como diretor. Isso mostra para mim que, acima de tudo, os prêmios são mais direcionados aos seu rebanho, seus seguidores, e seus investidores, do que da questão estética, da qualidade, e da melhor categoria. Mas, prêmios a parte, este diretor, para mim, foi excelente, e todos os seus filmes merecem crédito.
O Poderoso Chefão.
A maior saga de família de mafiosos foi filmada por Francis Ford Coppola, em 1972, com um elenco jamais reunido em um único filme anteriormente. O filme foi o maior sucesso comercial da época, com um custo aproximado de US $ 6 milhões de dólares e faturando, nas bilheterias, mais de US $ 243 milhões de dólares.
Adaptado do romance de Mario Puzzo, o filme contava no elenco com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Talia Shire, John Cazale, dentre outros. Não bastasse o sucesso comercial, o filme recebeu 9 indicações ao Oscar, ganhando 3 estatuetas, a de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor ator, para Brando.
O que me fez colocar esse filme em minha lista de melhores filmes já vistos é o fato de ser um filme completo em questão de gênero, além de ter uma trama familiar maravilhosa, com a sucessão dos filhos no poder, a briga entre rivais, valores morais e sociais que são distorcidos de acordo com a realidade do mundo em que vivemos.
A saga da família Corleone apresenta o pai, Don Vito Corleone, aqui vivido por Marlon Brando, que controla os negócios ilícitos de uma família de imigrantes italianos nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que tenta se adaptar e viver como se seus negócios obscuros fossem apenas negócios. Contudo, seu poder sobrepõe a própria sociedade, uma vez que eles controlam a máfia, a polícia, o tribunal de justiça, além de ter influência sobre os próprios concorrentes.
O certo e o correto, para a família Corleone, está dentro dos valores da própria família, e não dos valores universais comuns para todos os demais. Contudo, a corrupção do ser humano, diante do mundo, é uma trama paralela, assim como a disputa pelo poder, entre os rivais, e a briga interna, tendo como centro da disputa os próprios familiares. Considerado um filme de máfia ou gângster é, acima de tudo, uma excelente diversão.
Para quem imaginava que a continuação de um filme nem sempre podia ser melhor que a primeira, com certeza reviu seus conceitos com a segunda parte de O Poderso Chefão. Isto porque o segundo filme, que continua a história da família Corleone, consegue ser tão bom ou talvez até melhor do que a primeira parte. Na verdade, não dá pra pensar em um filme sem o outro. E nem faria sentido. É como se os dois filmes fossem uma única obra.
Eles se completam, tanto na história da família, quanto na questão estética cinematográfica. Esta segunda parte recebeu 11 indicações ao Oscar, levando 6 estatuetas, incluindo melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor, melhor ator, para Robert De Niro, melhor trilha sonora e melhor direção de arte. Do ponto de vista comercial, o filme também se deu muito bem, faturando quase US $ 200 milhões de dólares em bilheteria.
Aqui, temos duas histórias paralelas; na primeira, a história retorna no tempo, mostrando o início da vida de Don Vito Corleone, agora interpretado por Robert De Niro. Paralelamente, a história segue com Michael, filho de Don Vito, no comando da família, interpretado por Al Pacino. É um filme para assistir quantas vezes for possível.
A maior obra cinematográfica do escritor e diretor Woody Allen, Annie Hall, aqui no Brasil recebeu o título de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", foi um dos melhores filmes de relacionamento já realizado.
Com um estilo particular de filmar, construir os diálogos, e criar os desfechos, Woody Allen é, talvez, o maior cineasta ainda em atividade no mundo. Tendo Nova Iorque como cenário, faz o tipo paranóico escritor judeu-ateu, sempre questionando a tudo e a todos. Os problemas de relacionamento acompanham todas as suas obras, sempre tendo como contraponto a comédia e o drama.
O filme consagrou Woody Allen com o Oscar de melhor filme e melhor roteiro, porém, o diretor não fez questão em ir a cerimônia de entrega para receber seu prêmio. Contudo, sua filmografia é extensa e completa. Nos últimos anos, Allen tem mostrado um senso de humor negro e refinado, com filmes como Match Point e O Sonho de Cassandra, e comédias românticas bem agradáveis, como Vicky Cristina Barcelona. Para mim, o melhor diretor e roteirista da atualidade.
Para mim, o melhor filme de Woody Allen, juntamente com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Contando com Woody Allen no elenco, tem também Diane Keaton novamente, Meryl Strep, Mariel Hemingway.
Aqui, novamente temos como tema o relacionamento. Dividido entre uma jovem estudante de dezessete anos, interpretada por Hemingway, e uma mulher indecisa, irreverente, interpretada por Diane Keaton, Allen faz um escritor de meia idade, saído de um divórcio, e com problemas mal resolvidos com todas as mulheres que conhece.
Tentando conhecer a si mesmo, e sempre se questionando pelo que é certo ou errado, adequado ou inadequado, Allen explora Manhattan não apenas como o fundo de sua fotografia, mas como uma personagem atuante o tempo todo. O filme também é recheado de piadas típicas de Woody Allen, além de ter um elenco de primeira.
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