domingo, 14 de novembro de 2010

Final de Fórmula 1: uma pista sem condições de ultrapassagens

Com a final do Mundial de Fórmula 1, algumas coisas, pra mim, ficaram claras. Apesar de a Red Bull ter o melhor carro, e um piloto veloz, no caso o Vettel, que foi campeão sem direito a ninguém constestar nada de errado ou marmelada, ficou claro que esta última prova, como a maioria, foram feitas para corridas burocráticas.
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Falo isso pela dificuldade em se ultrapassar. Tanto Alonso, quanto Hamilton tentaram fazer ultrapassagens aos carros que estavam em suas frentes, mas o máximo que conseguiram foi andar fora da pista.
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Alguns pilotos têm talento extremamente diferenciados, caso de Alonso, Kubica, Hamilton. Mas isso, na hora da corrida, tem significado cada vez menos. Pois, quando você retira a capacidade de ultrapassagem, você interfere no resultado.
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Acho que os resultados das últimas temporadas foram mais influenciados pelas paradas nos boxes, e pelos acidentes e quebras dos carros, do que pelas ultrapassagens. O engraçado é que, por se tratar de uma corrida, deveria privilegiar as ultrapassagens, o talento do piloto, e não essa coisa burocrática, pois para quem assiste, acaba ficando sem graça.
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Se as únicas emoções que se têm nas corridas de fórmula 1 são o tempo gasto nos boxes, o trabalho exímio dos mecânicos, e a estratégia das equipes, quando fazem seus jogos sujos, então acho melhor não acompanhar o campeonato. A única coisa que me levou a ver as corridas foi o talento dos pilotos, a audácia.
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Bem é verdade que, após a morte de alguns pilotos, incluindo a do Senna, os dirigentes da categoria decidiram se preocupar mais com a segurança durante as provas. Mas, se for para acabar com a possibilidade de se ver um espetáculo, prefiro que a competição seja extinta da minha programação pessoal e dos meus finais de semana.
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Isso não tira o mérito do Vettel, que é de fato talentoso, mas, olhando para o campeonato como um todo, qual foi seu brilhantismo, além de andar mais rápido que o Webber, que nunca foi campeão do mundo, ou andar mais rápido que seus concorrentes nos treinos, uma vez que seu carro era de fato superior, se quando chega na corrida ninguém consegue ultrapassar ninguém?
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Ou se proporcionam mais pontos de ultrapassagem nos autódromos, ou continuaremos a ver as corridas de carros serem decididas por dirigentes de empresa, mecânicos que atuam na troca de pneus, e acidentes corriqueiros que fazem com que todos os demais carros se embaralhem. Assim, pra mim, não tem graça.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Alonso Campeão e a Ferrari novamente no topo...

Não tenho tido tempo para escrever, mas tem certas coisas que nos fazem postar algo. No início do campeonato de fórmula 01 deste ano de 2010, eu disse que apesar de a Red Bull ter um bom desempenho, o campeão já estava lançado, e seria Fernando Alonso, da Ferrari. Não por crer que a Ferrari é superior aos concorrentes Red Bull e McLaren, mas principalmente pela experiência e competência do piloto espanhol. Minha segunda opção seria Hamilton.
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Bom, o campeonato tem ainda duas provas extremamente importantes e fundamentais, e nada está decidido. E talvez ninguém leve vantagem maior sobre os demais. Mas, ainda assim, eu farei algumas observações pessoais.
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Primeiro, que a Red Bull lança o carro mais veloz pra classificação, isso é óbvio. Mas ela não tem nem estratégias bem definidas, tampouco um controle sobre seus pilotos. Eles se lançam em voltas rápidas, depois se lançam para a corrida com a mesma voracidade. Mas não com a mesma inteligência. Se tivéssem usado um pouco mais o cérebro, do que o combustível, talvez já tivéssem ganho o mundial de pilotos.
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Segundo, a McLaren, que brigou sempre pelas primeiras colocações, mas não está fazendo um ano excepcional. Possui pilotos bem acima da média, mas me parecem campeões afiados, com habilidade e inteligência, mas sem muita fome. E a fome, em uma corrida, é fundamental.
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Em terceiro, a Ferrari, que andou patinando ao longo do ano, viu Massa retornar com alguma dificuldade, não pilotando em seu melhor estilo, talvez ofuscado pela genialidade de Fernando Alonso. Esse, competitivo ao extremo, focado ao extremo, habilidoso ao extremo. Muitos o têm criticado, acredito que equivocadamente, pois corrida vence quem é o mais rápido, quem, depois de tudo que possa acontecer, chega em primeiro. Não importa se por um décimo de segundo. E isso, o espanhol tem muito claro em sua mente. Tanto, que não se preocupa com detalhes outros, que não os seus próprios que possam levá-lo ao triunfo.
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De início, escrevi que ele não se transferiria para a Ferrari à toa, tinha chegado para ser campeão. Só que a escuderia italiana, nos últimos anos, tem cometido falhas grotescas que distancia seu passado de preparação, organização e mecânica impecáveis, para ser uma equipe que altera profissionalismo com bobeiras que muitas vezes custam a perda de um campeonato.
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Mas, por fim das contas, a Ferrari tem Alonso, capaz de superar todas as dificuldades, diferenças, implicações, limitações, falhas, e estar focado em ser campeão. Se realmente ele conseguirá seu tricampeonato, só as próximas semanas poderão nos dizer. Porém, desde o início acreditei na qualidade extrema desse piloto que, dentro dessa formação de grid atual, é o mais diferenciado que há. Em um ano às vezes meio chato, às vezes meio interessante, o espanhol foi o piloto que, até aqui, conseguiu mais vitórias. Nos próximos dias teremos uma fala definitiva sobre a fórmula 1 de 2010. Até lá.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

O sabor das coisas... e a Copa está aí!



Bom, o mundo dos esportes tem dominado a atenção dos holofotes. Natural que a Copa, realizada a cada quatro anos, tenha grande destaque. Tudo pára, tudo inexiste. Podemos observar o quanto as coisas realmente são. As notícias, todo circo promovido só tem validade quando não há mais nada pra falar.
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Sempre foi assim, dá-se destaque a qualquer coisa que possa prender as pessoas à frente da televisão, de um jornal, de uma revista e, mais recentemente, do computador. Parece interessante esse alinhamento do ano de eleição política presidencial, juntamente com a Copa do Mundo.
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Enquanto os presidenciáveis vão arrumando suas melhores roupas, ensaiando seus melhores sorrisos, construindo suas aparências mais sérias e repreensivas, tudo rola pelo gramado, tudo escorre para um lugar comum, tudo é tudo ou nada ao mesmo tempo.
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Reflexões à parte, quem pode, faz negócios e lucra com a Copa, com as Eleições, com as Tragédias, pois ao final de tudo, tudo é negócio. Enquanto isso, outros buscam um espaço como ator (ou atriz), nesse circo todo armado, temos o perna de pau, temos o palhaço, o malabarista, o trapezista, enfim, temos o show.
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Os próprios estúdios de Hollywood, recordistas de público o ano todo, buscam estratégias para vender as bilheterias de cinema em período da Copa do Mundo, e promover seus atores galáticos e suas produções impecáveis, tamanho impacto que o futebol tem na economia e no dia a dia do mundo normal da maioria das pessoas.
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Enquanto isso, os políticos, uma espécie de classe artística fundamental nos cenários globais, no máximo se aquecem em seus camarins, ensaiando seus últimos e inflamados diálogos. Não dá pra emplacar um sucesso nesse período, é necessário respeito, tem-se que esperar o momento certo pra aparecer. Até o astro internacional Ahmadinejad, famoso por representar o vilão do Irã, foi colocado pra escanteio nos últimos dias.
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Se bem que tem muita gente com diálogo sem sal nem açúcar, sem tempero e sem gosto, na verdade, sosso mesmo, em qualquer época do ano, em qualquer palco, em qualquer mesa. Na verdade, acredito que muitas coisas estão assim, ainda sem tempero, aguardando o toque final. E o grande problema está exatamente aí, em dosar os elementos que serão acrescentados e farão o gran finale.
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Conversa fiada à parte, Brasil, Argentina, Alemanha e Itália, em minha opinião, são os candidatos ao título mundial deste ano. Mas muita água vai rolar, aqui e lá, muito caldeirão vai ferver, com temperos, carnes e legumes, política, futebol e cinema.
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Um bom prato tem que ter gosto, tem que ter apelo, tem que ser saboroso, marcante, de dar água na boca. Os favoritismos, seja na campanha política, seja dentro de campo, seja na vida, às vezes surpreendem e dão lugar aos coadjuvantes, ou a um grande vilão. E são esses momentos surpreendentes que dão a liga necessária, o sabor especial ao prato, ao molho, ao viver.

sábado, 29 de maio de 2010

O beija-flor, a garota e a mãe

O vento entrou vagaroso pelo estreito vão da janela. Seu sopro foi o suficiente para fazer bailar a fina cortina de metal em tiras que ameaçavam dobrar, mas que logo entornavam para o lado oposto; isso não foi o suficiente para desviar a atenção de Amália, jovem garota de pouco mais de dezessete anos, que segurava as envelhecidas e enrugadas mãos de sua mãe.

Pelas veias da mão esquerda da velha senhora, a agulha e o soro lenta e mudamente gotejavam, se espraiando como se fossem tapas tentando cortar o líquido atrevidamente dentro do tubo. Estava razoavelmente quente, o suficiente para que Amália segurasse e espremesse um lenço umedecido entre a têmpora e a testa de Dona Amélinha.

Fazia uma semana que ambas estavam ali no leito do hospital, esperançosamente aguardando melhoras. Dona Amélia, 64 anos, encontrara há quase 20 anos a pequenina e rubra garota que fora abandonada dentro de uma igreja, por desconhecidos. Devota, fiel companheira do padre e das missas matinais, foi a primeira a encontrar o cesto de palha, com uma fralda de algodão desbotada e esfiapada. Aqueles olhos espremidos e chorosos expressavam aquilo que a voz, fraquinha, escapava perdida.

Sentiu, no exato momento em que suas mãos tocaram a pele rosada do bebê, que havia uma conexão ali, uma ligação súbita e única. Abraçou para si o cesto como quem agarra uma oportunidade, a de fugir da solidão, a oportunidade de não estar mais sozinha no mundo.

Num primeiro momento, pensou se a pessoa que largara aquela criança talvez estivesse por perto. Ou ainda que a criança tivesse sido roubada dos verdadeiros pais e, num ato de arrependimento, deixara a criança no interior da igreja.

Poderiam ser outras coisas, qualquer coisa, mas ela não pensou em nada. Caminhou, parou, agraciou a criança sem graça ou sorriso, depois continuou, inquieta. Chamou pelo padre, contida, mas o pároco não respondeu.

Dona Amélia era uma senhora viúva, na verdade ficara viúva aos trinta e cinco anos de idade, numa pequena cidade do interior da Bahia. Por ser a cidade pequena demais, e ela já não mais ser uma garota na flor da idade, pensou que um segundo casamento, naquela altura da vida, seria muito difícil, a talvez até inapropriado por aquelas regiões; por conta disso apenas passou a levar a vida.

Se gostava do então marido, isso ela seria incapaz de dizer. No dia seguinte ao velório do falecido, sentiu um aperto no peito; no meio da cozinha, enquanto a xícara de café esfriava calmamente, ela sentiu aquele aperto de quem está sozinho, de quem não divide a mesa para as refeições, do tipo que não divide o cobertor no meio do frio da noite, e esta perda e ausência lhe foi sofrível, profundamente. Se isso era amor, ah, Dona Amélia não se sentia capaz de dizer. Mas foi assim que a vida quis, foi isso que o destino lhe ofertou, e foi assim que Dona Amélia passou a viver.

Mas naquele novo momento diante do altar da igreja suas sofridas e calejadas mãos seguravam algo que poderia modificar a sua vida, talvez uma oportunidade única, a presença de alguém, de um outro alguém, não um marido ou algo do gênero, mas um filho, algo que até então nunca lhe fora possível, algo que nunca havia pensado, algo que nunca havia sentido.

Novamente chamou pelo padre Onófrio, e agora este a ouvira. Mais intrigado que ela, porém menos entusiasmado, o pároco pensou, pensou e pensou. Por se tratar de uma cidade pequena, eles não conheciam ninguém que recentemente dera a luz a uma pequenina garota naquelas condições, talvez alguém de outra cidade, ou de algum vilarejo, quem sabe alguma gravidez escondida, enfim, não se chegou a um acordo ou veredicto.

Por fim, decidiram que o correto seria aguardar, mas sem fazer muito alarde. Não queriam colocar em dúvida ou expor alguma família mais abastada da região, cuja filha tivera um desvio de conduta inapropriado àquela sociedade estreita e moralista, ou ainda que algum senhorio tivesse engravidado alguma empregada, que ameaçada agiu insanamente largando uma criança á mercê da vida alheia.

Mas prometeram um ao outro que acontecesse o que fosse, se alguém reclamasse pela garota, ela seria devolvida aos verdadeiros pais. Ao padre, cabia rezar pela pobre criança; já Dona Amélia, bem, esta levou a menina para a casa e passou a dar todo o cuidado e amor que uma criança merece.

E foi assim, sem mais nem menos, que o tempo passou; a criança ali foi ficando, e ninguém aparecera para reclamar nada. E conforme os dias foram passando, a senhora e a criança foram se embaraçando, se misturando, se tornando uma família.

Dona Amélia, uma senhora simples, que seria incapaz de descrever a paixão entre um casal, e mesmo sem ter gerado uma criança em seu útero, era capaz de expressar e explicar o sentimento de mãe. Descobriu que o amor nasce não na hora em que concebemos, geramos, enxergamos ou tocamos algo, mas sim no decorrer do tempo, na ocupação de um espaço dentro da vida que é capaz de preenchê-la, de resumi-la. Seu simples linguajar não poderia dizer belas palavras, mas seu renovado coração dava todo amor àquela criança, e não havia necessidade de maiores explicações.

Foi assim nas primeiras trocas de fralda, foi assim preparando a papinha, foi assim com o primeiro dia de aula, quando ela, com seu ferro a carvão engomara a blusa de Amália. Sim, a criança teve um nome, um registro, a ausência do pai, a ausência do luxo. Mas teve todas as outras coisas que jamais o dinheiro seria capaz de comprar, parcelar, negociar.

Dezessete anos passaram ligeiros, únicos, embolados, cercados de arranhões nos joelhos, dedos das mãos furados por espinhos da roseira, sorrisos por ver o beija-flor respirar no jardim da casa, a graça e o mistério do primeiro dente “caindo de maduro”, tomar sopa no inverno, usar meias de cores diferentes em cada pé pra dormir, olhar pelo furo do cobertor, enquanto o dia amanhece.

Agora ambas estavam ali, lado a lado. Amélia segurando a mão da mãe, cuidando, preocupada. A senhora quase tossia por completo, com uma exalação forçada, um peso incomum no tórax, um peso físico porém invisível, a perda do controle dos sentidos, da respiração, tudo talvez se resumisse a uma palavra: cansaço.

E não é o cansaço acumulado ao longo dos anos, mas um cansaço que chega sem avisar, no meio da semana, trazendo um desânimo. Os médicos chamam de pneumonia, descrevem certos sintomas e doenças nos livros, além de usarem outras combinações, que na linguagem rotineira do hospital parece normal, mas só quem está acamado pode de fato interpretar seu significado.

E assim, Dona Amélia já não se importava em tremer os músculos da mão. A vida, de certa feita, é injusta. Mas a vida, de certa feita, pode ser bela. Eram suas poucas e sábias palavras, pronunciadas somente a partir “de uma certa altura da vida”. Aquela noite foi longa para ambas, Dona Amélia fazia questão em não dormir, resistia, mas não conseguia. Tirava pequenos cochilos, delirava um pouco, produzia sons desconexos ou palavras soltas, e Amália sabia seus significados, interpretava-os a sua maneira.

Já na metade da madrugada, o calor vazando para dentro da janela, Dona Amélia retomou sua lucidez, de forma temporária e breve. Disse que estava cansada, que ia pra casa, e pediu a Amália que não deixasse a luz da sala ligada quando fosse dormir. Não dava pra desperdiçar dinheiro com a energia, enquanto estava dormindo e não precisava enxergar nada. E quanto ao pequeno jardim na frente da casa, que tinha a tal roseira fura-dedo, ah, deveria aguar tudo sempre, sempre. A beleza do jardim não consistia nas palavras, mas nos cuidados; a bela da rosa não vinha dos livros, mas vinha gratuita, da natureza, desde que cuidada de forma correta, adequada.

Quanto aos homens que um dia viriam a tirar o sono de Amélia, a garota não deveria deixar de dormir. Quem quer que fosse, se a amasse um dia, de verdade, não a faria perder o sono. “Nem por paixão”, questionou Amália à sua mãe. “Quem sabe”, respondeu a mulher, “quando você descobrir, me avise, menina”.

E depois a mulher mais velha dormiu, profundamente, para sempre. A cortina de metal tremeu, contorceu, vibrou, zuniu, esticou e depois aquietou. Somente o som do vento vazando pela janela era ouvido. Amália, ainda segurando a mão da mãe, viu distante um beija-flor bebendo das flores, se embriagando. Talvez fosse surreal, talvez não fosse, o que importava naquele momento? Com o lenço umedecido, acariciou a testa da velha senhora. A noite continuou, sorrateira, triste ou feliz, não importa, apenas a noite continuou.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Palmeiras: um caso de péssima gestão!


Neste momento o time do Palmeiras tenta encontrar uma possível negociação para Diego Souza. De ídolo da torcida à melhor jogador do campeonato brasileiro de 2009, o jogador agora se torna o novo alvo da diretoria, como forma de resolver os problemas que o time tem no momento.
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Na verdade, fica nítido que o time passa por um período de péssima administração. A incompetência dos diretores termina muitas vezes em atos impensados e arrogantes, quando tentam demonstrar autoridade e poder, mas na verdade demonstram o quanto não estão preparados para lidar com uma administração profissional no esporte.
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Depois de tentarem montar um time com jogadores de expressão, contrataram o técnico Vanderley Luxemburgo a preço de ouro. O técnico que outrora havia se tornado um grande vencedor no clube, chegou com grandes expectativas, no ano de 2008.
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Em 2009 as coisas não estavam saindo como o planejado; um incidente envolvendo o atacante Keirrison e o técnico terminaram por demitir Luxemburgo, enquanto que o atacante seguiu pra Europa.
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Naquele momento a direção do time já demonstrava que não tinha capacidade administrativa. Então vieram momentos de indecisão, a fase do interino técnico Jorginho, e em seguida a contratação de Muricy para comandar o clube, na expectativa de ser campeão brasileiro.
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Junto do novo técnico, uma grande promessa de gols, Vagner Love, repatriado da Rússia. Uma negociação já tentada há muito tempo. Mas novamente as coisas não aconteceram como o planejado. Para alguns jogadores considerados mais importantes no time, foi concedido aumento de salário, ou ao menos uma promessa para tal. Com uma folha de pagamentos inflada, o time mergulhou em dívidas, tudo para tentar um título e justificar contratações e gastos milhonários.
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Pouco tempo depois, as divergências e incompetências começaram a afetar o time. De principal candidato a campeão, o time estranhamente passou a jogar mal, e percebia-se que a situação interna não era das melhores.
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E pra esquentar ainda mais os nervos, uma briga em campo entre o atacante Obina e o zagueiro Maurício, ambos do Palmeiras, fez com que a equipe, precipitadamente, demitisse os dois jogadores imediatamente. Ao invés de tentar criar um ambiente menos hostil, a diretoria terminou por enterrar os animados ânimos do time. Este ato apenas revelou o clima em que estavam vivendo todos.
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E como numa avalanche de erros e decepções, o time que mais havia liderado a competição ao longo do campeonato, passou a sofrer derrotas e não conseguia mais do que empates. De líder, foi despencando e se tornando um time fraco e abatido.
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No fim das contas, a decepção final: nada de campeonato; e, pra dar um ingrediente novo a história, o velho boato de que o Palmeiras não pagava os salários em dia. Logo a torcida se manifestou contra tudo que estava acontecendo, e o ambiente piorou.
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Novamente problemas, uma suposta agressão e ameaça por parte da torcida ao atacante Vagner Love fez com que o jogador dissesse que não tinha mais ânimo para continuar no clube. Precocemente, ele pediu para ser liberado do time para ir jogar no Flamengo. A diretoria palmeirense o liberou, e os rubro-negros agradeceram muito. Lá, ao lado do jogador Adriano, o atacante tem feito gols em quase todas as partidas, e parece estar muito satisfeito.
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Desconfia-se que o que fez Vagner Love sair do Palmeiras foi a falta de dinheiro para honrar os pagamentos dos seus salários. A história da agressão e tal, talvez tenha até acontecido, mas nao foi o que determinou o desanimo do atacante em continuar no Parque Antártica. Tanto que, Vagner Love ao deixar o clube para ir para o time da Gávea, "abriu mão de dívidas que o clube alvi-verde tinha com ele".
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Provavelmente o mesmo esteja acontecendo com Diego Souza no momento. Semana passada, o presidente do clube teve sua prestação de contas reprovada. Ao mesmo tempo, sabemos que Diego é o jogador mais valioso do time, e o que tem um dos maiores salários. Logo, se livrar dele pode resolver alguns problemas imediatos, além de colocar algum dinheiro nos cofres do clube.
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Também se sabe que o time está com os pagamentos dos salários atrasados, e também é possível constatar que a atual administração tem o hábito de gastar demais, e depois encontra dificuldades em honrar o que assumiu, nos prazos em que assumiu. E não dá pra aceitar a desculpa que em todo clube é assim. É muito simples, é necessário gastar aquilo que está disponível para se gastar, e não fazer atos impensados, que muitas vezes são feitos para mascarar outros tipos de atos.
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Provavelmente, esta sucessiva seqüência de erros administrativos está cada vez mais prejudicando o time, que não deverá fazer um bom campeonato brasileiro. Acho que o atual presidente deveria entregar o cargo, e uma nova diretoria deveria ser formada; a administração do time deveria ir para as mãos de profissionais experientes, e o atual técnico deveria ser substituído por alguém que já tenha comandado um time de futebol do tamanho do Palmeiras.
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É lamentável observar o que está acontecendo, ver o declínio de um time que bem poderia estar conquistando títulos, ou, pelo menos, ser competitivo. A péssima gestão do Palmeiras poderá trazer surpresas ainda mais desagradáveis. O tempo irá nos mostrar...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

3a Etapa de Fórmula 1 - Sepang


A terceira etapa do campeonato de fórmula 1, disputada no autódromo de Sepang, na Malásia, terminou com a vitória de Sebastian Vettel, fazendo dobradinha da Red Bull com Mark Webber em segundo, e ainda com Nico Rosberg fechando o pódio, em terceiro.
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Bem verdade que a dobradinha da Red Bull poderia ter sido atrapalhada acaso as Ferraris e as Mclarens não tivessem largado em posições bem inferiores, mas o fato é que o campeonato ficou embolado.
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Kubica, da Renault, novamente surpreendeu, e terminou a corrida em quarto lugar, seguido por Adrian Sutil, Lewis Hamilton e o brasileiro Felipe Massa. Button, ficou com a oitava posição, enquanto que Alguersuari e Hulkenberg fecharam as dez primeiras colocações e pontuaram. Michael Schumacher mais uma vez decepcionou, e não terminou a corrida.
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Momentaneamente, Felipe Massa lidera, com 39 pontos, seguido pelo companheiro da Ferrari, Fernando Alonso. com 37. O espanhol teve o azar de ver seu carro quebrar na última volta, enquanto Felipe Massa terminou em sexto. Na classificação das equipes, a Ferrari lidera, seguida pela Mclaren e Red Bull.
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Estou ouvindo e lendo muitos comentários a respeito da Fórmula 1, mas mantenho meu pensamento inicial. Como vencerá o piloto e a equipe que mais fizer pontos, creio que Ferrari e Mclaren ainda são favoritas, seguida pela Red Bull. Aposto mais na Ferrari que nas duas seguintes, e se o campeonato terminar dessa forma, não será nenhuma surpresa, pelo contrário.
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No mais, somente especulação. Vamos aguardar mais três corridas pra tirar uma média desse início de campeonato. Quem sabe após umas seis etapas, a situação desenhada se mude. Até lá, não creio em surpresas ou favoritismo da Red Bull.

domingo, 28 de março de 2010

Segunda Etapa de Fórmula 1


Hoje tivemos a segunda etapa do circuito de fórmula 1, em Melborune, na Austrália. Uma corrida disputada, com algumas surpresas, positivas eu diria. A começar pelo Jeson Button, que terminou em primeiro colocado, apesar de em determinado momento da prova ter andado em último lugar. Sua Mclaren tem evoluído, e ele agora ocupa o terceiro lugar na classificação geral.
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Na segunda colocação, Kubica deu as caras; para que não se esqueçam dele. Levou uma Renault que não anda no mesmo nível das ferraris, mclarens, mercedes e red bulls, mas que andou o suficiente para se manter bem colocado ao longo da prova, com méritos próprios, diga-se.
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Em terceiro, Felipe Massa com sua Ferrari e com os pneus desgastados deram para o gasto. Ele fez uma excelente largada, saindo de quinto e indo para segundo. Mas hoje a Ferrari mostrou suas limitações, e ele não conseguiu sustentar a posição ao longo da corrida. Foi superado por vários pilotos, e conseguiu o pódio por uma conseqüência de vários fatores, mais externos do que por próprio mérito.
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Atrás de Massa veio Alonso. Ao longo da corrida, o espanhol me pareceu camarada demais do piloto brasileiro, dando trégua praticamente por toda corrida, sem ameaçá-lo. Talvez por ainda ser início de temporada, não quis criar atrito com o brasileiro, uma vez que o quarto lugar ainda o manteria em primeiro, na classificação geral.
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Por outro lado, o fato de se arriscar não correndo tantos riscos, pode fazê-lo ir "mordendo" pontos importantes ao longo da competição. O espanhol bem sabe que um campeonato não se faz somente realizando ultrapassagens mirabolantes, tampouco ser o destaque e vencedor de uma única corrida. Sabe que o caminho para ser campeão é mais longo, mais linear, sem erros e exageros ao longo das provas, que no fim das contas, vai vencer aquele com maior regularidade e que tiver maior número de pontos quando o show terminar.
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Mas, pra mim, Alonso fez a melhor defesa da corrida, ao, quase no final da prova e sendo perseguido perigosamente por Hamilton, retardar a freada de uma curva, e fazer com que o inglês rodasse e perdesse a oportunidade de ultrapassá-lo. Hamilton vinha com seu carro mais veloz, mas a experiência e habilidade do espanhol sobressaíram ao final.
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Com o incidente, Hamilton ainda se enroscou com Mark Webber, que o acompanhava de perto, e prejudicou a posição de ambos. Melhor para Nico Rosberg, da Mercedes, que ficou com o quinto lugar, seguido de Hamilton, e Liuzzi. No mais, pouca coisa interessante. Barrichello conseguiu um oitavo lugar, Webber ainda conseguiu o nono, e Schumacher um discreto décimo lugar, e foi só. Os demais só complementaram o grid.
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Mas, ao olharmos a classificação geral dos construtores, vemos a Ferrari já abrindo 70 pontos, seguida pela Mclaren, que tem 54, e a Mercedes com 29.
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Contudo, o grande desastre nesse início de temporada está para Sebastian Vettel, que fez as duas poles positions com sua Red Bull, tem andado sempre a frente, mais rápido que os demais, mas possui um carro pouco confiável para o desenrolar das corridas, e até agora não conseguiu mostrar muita coisa. Na verdade, o jovem piloto alemão, apesar de ser uma grande promessa para o futuro, ainda não decolou. No fim das contas, apesar de um pensamento precoce, ainda acho que o espanhol Alonso, por enquanto, é o grande favorito ao título, mas, de qualquer jeito, muita água ainda vai rolar.

domingo, 14 de março de 2010

Temporada 2010 de Fórmula 1

Hoje começou a temporada 2010 de Fórmula 1, no moderno circuito de Bahrein, em pleno deserto de Sakhir. Contando com algumas novidades, como a alteração na pontuação, dando ao vendedor 25 pontos, ante 10 pontos das temporadas anteriores, além de permitir um maior número de participantes de pontuarem em uma prova, agora são dez - ano passado apenas os oito melhores pontuavam, provavelmente teremos uma competição com maior número de pilotos disputando as primeiras colocações.
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Ao mesmo tempo, algumas novas equipes, o que aumentou o número de competidores, 24 no grid de largada. Brasileiros são 4, Felipe Massa, o veterano Rubens Barrichello, Lucas Di Grassi, e o estreante Bruno Senna, sobrinho do tricampeão brasileiro.
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Creio que, independente do que aconteça, as quatro melhores equipes classificados hoje são as franco atiradoras ao título, Ferrari, Mclaren, Mercedes e Red Bull, e as que disputarão, corrida a corrida, as melhores posições.
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Mas acredito que a dobradinha da Ferrari hoje, com Alonso e Massa, talvez nos dê um panorama do que será esta temporada. Nos acostumamos a ver sempre a Ferrari disputando o título até a última prova nos últimos tempos, e não creio que este ano seja diferente. Tanto que, só na primeira década deste século, foram 6 títulos. Este ano vou um pouco além, creio que o campeonato de 2010 já tenha dono, antes de começar a pegar fogo: Fernando Alonso.
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Creio que Alonso não tenha se tranferido para a Ferrari à toa. Um dos melhores e mais experiente piloto em relação aos colegas, sempre imaginou que se tivesse um melhor carro, teria tudo pra fazer parte do seleto grupo de tricampeões mundiais. Já a Ferrari, ainda que tenha em Massa um piloto competitivo, queria alguém que realmente fizesse a diferença, como fora Schumacher. Ambos os pilotos, quando contratados pela equipe italiana, eram bi-campeões mundiais.
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Com todo respeito a Massa, a quem considero um piloto com grande talento, acho o espanhol mais preparado, e mais experiente, ainda que particularmente não simpatize muito com ele. Mas na disputa entre os dois atuais pilotos da Ferrari, o espanhol é quem não precisa provar nada, pois já conquistou duas temporadas pela Renault, enquanto Massa ainda busca seu lugar ao sol, na terra dos campeões mundiais. Talvez isso possa fazer diferença, no sentido positivo, para o brasileiro, ao longo do ano.
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Quanto ao Vettel, trata-se de um bom e rápido piloto, mas sua equipe, a Red Bull, que também é bem rápida e competitiva, às vezes fica a desejar. O atual campeão, Jeson Button, não creio que fará muita coisa este início de ano, pois seu carro ainda me parece limitado. Mas é claro que, ao longo das provas, muita coisa pode acontecer, e as equipes sempre tendem a evoluir.
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Já Hamilton, está sempre por ali, sempre beliscando um pódio, sempre entre os primeiros. Alguns podem alegar sorte, mas não creio que a sorte bata tantas vezes à mesma porta, acho que ele tem talento mesmo. Se sua equipe evoluir, creio que estará disputando o primeiro lugar em todas as corridas.
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Quanto ao Schumacher, parece que se cansou da aposentadoria, desistiu de ficar em casa, ou mesmo com o monótono cargo de consultor da Ferrari, e partiu para as pistas novamente. Não tem nada pra provar a ninguém, seus sete títulos e seus recordes não precisam de explicação, justificativa, e não creio que carecem de descofianças. Mas, como os demais, depende da evolução do seu carro, além de sua própria evolução, uma vez que estava parado. Porém, de uma coisa todos sabem: se sua equipe se equiparar ao nível da Ferrari, ele terá vaga garantida no pódio.
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Quanto a prova de hoje, além da beleza do circuito do Bahrein, talvez tenhamos visto um resumo prévio do que será 2010: dobradinha da Ferrari, com Hamilton sempre por ali, querendo seu espaço na fotografia e no pódio. Espero estar enganado, mas não acredito muito nisso não.

quarta-feira, 10 de março de 2010

E o Vencedor é...

Estava fazendo algumas reflexões sobre o Oscar 2010, quando por engano fechei o arquivo e perdi tudo que havia escrito. Mas como ainda está fresco em minha memória, vou tentar rascunhar minhas impressões sobre os prêmios.
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Inicialmente me perguntava o que de fato significava receber o mais prestigiado prêmio do cinema internacional? E, claro, me deparei com a discussão da mídia entre o duelo "Avatar versus Guerra ao Terror". Primeiro, que esta briga só existe nas discussões midiáticas. Até porque são duas coisas e produções distintas.
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Guerra ao Terror briga com o público e com a realidade do mundo para cobrir os custos de sua produção independente. E espera, com os prêmios conquistados, garantir um espaço aonde quer que seja. Não é de hoje, mas desde o surgimento da história do cinema, que as produções independentes sofrem nas bilheterias, mas surpreendem no resultado final. Que nos diga Woody Allen.
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Já Avatar, grande nome do cinema 2009/2010 independente de quantos prêmios tenha deixado de conquistar, não tem nenhuma grande ou inesquecível história. Mas sua bilheteria, e sua proposta cinematográfica em 3D fazem com que ele dispense qualquer comentário, seja positivo ou negativo. Creio que a experiência cinematografica sempre se renove de forma positiva, o que é natural que aconteça pós-Avatar, para a alegria dos cinéfilos em geral.
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Para mim, o grande merecido vendedor da noite foi Christoph Waltz, por sua atuação em Bastardos Inglórios. Este ator austríaco tem talento de sobra, enche a tela de qualidade em um cinema às vezes esquecido nos dia de hoje, o do talento de encantar a platéia sem recursos extras, senão com uma inquestionável e surpreendente atuação.
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Em relação ao filme do Tarantino, não vi nada demais. A proposta de se matar Hitler diferente do que aconteceu na história real é algo que não me convence de nada. Talento a parte do prestigiado diretor/roteirista, que pra mim fez dois dos maiores filmes dos anos 1990, trata-se somente de um filme. Cuja atuação de Waltz brilha mais do que o conjunto da obra, e isso é justo.
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Sobre Sandra Bullock, nem ela mesma imaginava ganhar um Oscar na vida dela. Mas o que muda isso, de fato, a não ser para ela? Só espero que a Meryl Streep continue trabalhando incessante, pois seus filmes são sempre uma diversão mais do que agradável, e suas interpretações me satisfazem o suficiente para o que eu espero de um personagem.
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Por outro lado, Up é desenho de primeira qualidade, diversão familiar garantida. Ainda que os concorrentes fossem produções convincentes, agradáveis e de boa qualidade, mas todos num nível mediano. Dos que estão na lista que concorreram com UP, gostei também de Coraline.
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Jeff Bridges, por sua vasta lista de filmes, e de suas performances sempre satisfatórias, ficará bem com um Oscar em seu currículo. E quanto aos demais prêmios, creio que tenham sido justos, dentre os concorrentes que haviam, porém, não vejo nada de espetacular ou inovatório em todas as produções que disputaram alguma estatueta.
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O que vejo hoje, neste início de século XXI, são produções muito bem acabadas, com fotografia impecável e uma excelente exploração dos recursos tecnológicos existentes. Acho que o nível das produções como um todo, nos dias de hoje, são fantásticas, com altíssimo padrão de qualidade. E sim, me inspiram a ir ao cinema, e me convencem de voltar novamente.
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Porém, quando olhamos pra história do cinema, nem tão distante assim, nos deparamos com disputas dignas da grandiosidade do cinema. Como o Oscar de Melhor Ator de 1992, em que Anthony Hopkins, Robert De Niro, Warren Beatty, Nick Nolte e Robin Williams disputavam o prêmio.
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Ou ainda em 1995, quando Forrest Gump e Pulp Fiction disputavam o melhor filme, e ainda se contava com outros grandes lançamentos de qualidade mediana, disputando diversas categorias, como Tiros na Broadway, Um Sonho de Liberdade, A Fraternidade é Vermelha, O Rei Leão, O Maskára, Antes da Chuva, Quatro Casamentos e um Funeral, O Indomável, Quiz Show, Tom e Viv, entre outros.
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Comparados ao início das grandes produções cinematográficas dos anos 1930 e 1940, eram produções revestidas de talento, com uma tecnologia razoavelmente disponível, mas que surtia menos efeito no resultado final. Mas, como o objetivo aqui não é comparação de melhores, apenas sigo minha reflexão pensando que com todo esse aparato tecnológico disponível, vejo o Oscar 2010 como um dos mais fracos em questão de qualidade dos últimos anos, juntamente com o do ano passado, quando o somente razoável "Quem quer ser um Milionário" fez a farra.
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Porém, minha observação se restringe apenas aos concorrentes do Oscar, pois quanto a produções, há uma lista de lançamentos divertidos e interessantes passando no cinema e disponível em DVD. A começar por Alice, de Tim Burton, e Homem de Ferro 2. Se a companhia for boa, e a pipoca estiver quente, ainda acho que o cinema é uma diversão mais do que garantida.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Futebol, ladaínha e a mesmice...



Já está ficando irritante essa conversa de futebol, repetitiva. Esta semana a demissão do técnico Muricy, pelo Palmeiras, roubou boa parte das discussões. Houve até declarações de Luxemburgo, ironizando a diretoria palmeirense.

Acontece que futebol dentro de campo, na maioria das vezes, tem brilho por conta dos jogadores. Enaltece-se em grande exagero o trabalho de um técnico, paga-se um salário absurdo, esperando milagres.

Ora, quando o Luxemburgo conquistou seus primeiros títulos pelo Palmeiras, a equipe era forte e competitiva. Não creio que outro técnico conseguisse perder os campeonatos. Bastava escalar o que de melhor havia em campo, e deixar que o pessoal jogasse.

Hoje, o Luxemburgo fica dizendo o tempo todo “olha pro meu passado, olha pro meu passado e me respeita”. Há muito tempo que o próprio Luxemburgo não faz nada de interessante e diferente no futebol, a não ser criar um Instituto de Futebol que não vingou, e outras confusões dentro ou fora do campo. Está ultrapassado, sem inovação, desgastado. E irritante.

Grandes clubes e seleções foram campeões porque tinham equipes competitivas. Bastam olhar os títulos mundiais vencidos pelo Brasil, sempre grandes jogadores, sempre grandes equipes. O técnico é fundamental e ajuda o time, desde que não se intrometa no jogo.

Acho que pra quem não tem mais o que fazer, talvez seja natural ficar acompanhando toda essa conversa fiada, quem é melhor, melhor da rodada, bla-bla-blá. Já não tenho essa paciência há muito tempo.

Os clubes deveriam se preocupar em ter equipes de boa qualidade, motivadas. No Brasil, principalmente, os clubes montam times que no meio do campeonato já contam com jogadores desmotivados, interessados em se transferir pra Europa, sem foco.

Na falta do que falar, a mídia dá valor a qualquer coisa. E as pessoas perdem tempo com isso. Desculpas, lamentações, baboseira. Cada ano que passa, perco mais a vontade de acompanhar tudo isso, pois além de repetitivo, tem se tornado degenerativo. Acredito que agora seja hora de limpar um pouco o nome desses medalhões, e colocarem pessoas novas no lugar. O que se tem mostrado nos últimos anos, pra mim, já azedou.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Imposto, eleição e outras coisas mais



É difícil imaginar em uma sociedade democrática, e que se diz moderna, que a população e as empresas tenham que pagar um terço de seus rendimentos em impostos, que são tão mal aplicados, e oriundos do com muito suor e dedicação de seu povo.

A população brasileira, assim como suas empresas, são produtivas, são dedicadas, passam boa parte de seu dia se dedicando ao trabalho. Por outro lado, os administradores públicos gastam esse dinheiro muitas vezes não em prol dos próprios cidadãos.

Na teoria, a proposta seria justa e interessante: nós trabalhamos, pagamos nossos impostos, e como retribuição recebemos água e esgoto tratados, energia, ruas asfaltadas, rodovias asfaltadas, creches, escolas, hospitais, segurança, entre outras coisas.

Não há a menor necessidade em se escrever que boa parte da população não tem acesso adequado a nada disso, e no geral a população como um todo não pode contar com nada disso. Somos obrigados a contratar tudo por nossa conta, se quisermos o mínimo de qualidade.

Também não há a menor necessidade de dizer o quanto nosso dinheiro é mal empregado quando cai nas mãos da administração pública. Não vou generalizar, pois inúmeros políticos são honestos, corretos, trabalhadores, com idéias avançadas e que lutam, como todos os demais, pra construir um país competitivo, justo, igualitário, farto.

Acredito que a política seja extremamente necessária na sociedade, na realidade, falo da administração pública. Do que não precisamos são dos políticos sujos, dos políticos retrógrados, dos políticos de promessa de campanha.

Talvez o ideal fosse a substituição do político pelo administrador público, administrador por formação, margeado e amparado por uma lei rígida, que monitore gastos, compras, execuções. Mas seria algo complexo, que seria necessário estudo, não vou seguir por essa linha aqui, nesse momento.

As nossas leis são eficientes e justas o suficiente para garantir um bom funcionamento do estado, seja com o político, seja sem ele. A doença está em outro órgão, que mescla falta de preparo profissional para o cargo que se ocupa, juntamente com a ganância, com a corrupção, com a facilidade em se levar vantagem em tudo e contra todos.

Em ano de eleição, não deveria ser muito pedir à população que escolha bem seus candidatos. Todos deveríamos fazer uma pesquisa sobre quem iremos votar. Pesquisamos o preço de uma calça, de uma camisa, de um par de sapatos, por que não pesquisar sobre aqueles que tomarão conta de um terço de tudo aquilo que ganhamos ao longo do ano?

Infelizmente, falar somente não resolve. Seria necessário acordarmos pra vida. Não devemos acreditar em dados estatísticos que já vem pronto pra nossa mesa. Devemos duvidar de tudo, pesquisar sobre os candidatos, tomar escolhas, fazer escolhas certas.

Quem concorda, que instigue o vizinho a escolher melhor nossos representantes. Quem não concorda, que atire a primeira pedra; e assista, ano a ano, às mesmas propostas falsas, sem sentido, que ficam só em promessas que se despedaçam ao longo do tempo, ao longo do caminho.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Haiti é logo ali, no País das Maravilhas

Alice estava sentada ao lado da irmã, sem ter o que fazer. Sua irmã, por sua vez, lia um livro. Alice se esticou pra ver o que havia de interessante no livro da irmã. Nada de figuras, nada de diálogos. Logo pensou: “pra que servem os livros, se eles não têm imagens, tampouco conversas”. Foi entre essas e outras que Alice avistou um coelho passar por ela ligeiramente, olhos cor de rosa, vestindo um colete...(avançamos um pouco, e...) Alice, cansada da vida monótona, resolve seguir o tal coelho e, eis que...

O Brasil, entediado com a condição de país rico, e buscando um alento para fugir da monótona vida suíça, resolveu abrir os cofres e: investir R$ 375 milhões de reais em ajuda humanitária e construções de pronto-socorros no Haiti.

Enquanto isso, aqui no Brasil, ou melhor, no País das Maravilhas, milhões de litros de esgoto são produzidos a céu aberto e sem tratamento, a população em boa parte do Norte e Nordeste (e uma parcela considerável do sul e sudeste também, tanto que as maiores favelas do país estão fincadas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro) vive abaixo da linha da pobreza, analfabeta, desempregada, sustentando uma taxa de desemprego altíssima – fácil de manipular e comprar em épocas de eleições.

Enquanto isso, os municípios de São Luiz do Paraitinga e Cunha ficam a "ver navios", talvez por diferenças político-partidárias, talvez porque as coisas por aqui funcionem assim mesmo. Mas aos afoitos, um momento: já se anuncia nos jornais que serão doados R$ 17 milhões de reais para a construção de duas igrejas em São Luiz. Para o povo: sobrou muita reza e água benta apenas.

Enquanto isso, a estratégia de marketing brasileira vai longe, além das fronteiras tupiniquins, pois o Haiti está na primeira página dos jornais do Chile, Argentina, Uruguai, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos...

Enquanto isso, nós anunciamos em alto e bom tom que queremos dividir a responsabilidade de reconstrução do Haiti ao lado dos Estados Unidos; sim, nós e Obama juntos na reconstrução cinematográfica de Porto Príncipe.

Enquanto isso, os Estados Unidos mantém um exército de 15.000 soldados, equipados com tecnologia de primeiro mundo. A tropa brasileira é de menos de 1300 soldados que ganham uma miséria de salário, carregando armamento digno dos anos 1950, sem nenhum preparo diferencial, sem qualificação técnica, sem falar inglês para dividir as ações das missões com os sócios norte-americanos nessa empreitada; sim, os brazucas trabalham na cara e na coragem.

Enquanto isso, cria-se a visão de que o Brasil está no mundo dos ricos, faz parte do BRIC, do G20, quando China, Rùssia e Índia possuem PIBS maiores, taxas de crescimento e investimento maiores, e nossa burocracia e alta taxa de impostos sufoca empresários, o desenvolvimento econômico, a população de um modo geral. Só pra compararmos em termos nominais, em 2009 a China cresceu 8,9%, enquanto que o Brasil teve crescimento quase nulo.

Enquanto isso, alguém por aí solta que esses dados não são reais, são invenções, especulações, alguém há de botar a culpa na bolsa de valores, acredito nisso.

Enquanto isso, este é o Brasil da Alice, do João, do Pedro, da Maria, do País das Maravilhas; por aqui, nada do que dizem é verdade, seja oposição, seja governo.

Enquanto isso, em se tratando de contos de fada, por aqui só a trajetória do presidente, transformada em cinema.

E por falar em cinema, será preciso criar muitos efeitos especiais pra construir o Brasil que estamos divulgando mundo afora. Quem sabe consigamos emplacar um filme de ficção científica de sucesso, de repente podemos até ser indicado ao Oscar. Mas, se nós não formos, quem sabe o filme do Lula o seja; aliás, só faltaria isso para glorificar nosso presidente: uma indicação ao Oscar...não duvidem de nada...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Minha Lista de Melhores Filmes dos Anos 1990.

Estou pesquisando no baú das minhas memórias os melhores filmes que vi, ou os que mais gostei. Tentei levar em consideração o que me agradou, inicialmente; em seguida, a qualidade técnica, como o roteiro, a direção, o elenco, sua importância para o cinema.

Daí, resolvi colocar em primeiro plano os 05 filmes mais interessantes dos anos 1990. Vou escrever um breve comentário sobre cada um deles, porém, como vou escrevendo aos poucos, vou já apresentando os nomes. As fotos aqui postadas são pôsters originais de lançamento dos filmes.

Seria difícil e pretencioso pra mim definir qual seria o melhor, então seguirei uma linha cronológica crescente. Meu primeiro filme da lista é Os Bons Companheiros. Lançado em 1990, e com direção de Martin Scorsese, este excelente filme figura no primeiro lugar da minha seleção. A reconstrução da história da máfia, baseada em fatos reais permite uma viagem cinematográfica com interpretações de altíssima qualidade, a começar pelo Robert De Niro.


A seguir, em minha seleção, está aquele que considero o filme mais importante do cinema dos anos 1990. Lançado em 1994, tem a direção de Quentin Tarantino, é vencedor do Oscar de Melhor Roteiro, e a sua genealidade, pra mim, está em sua narrativa entrecortada em três histórias que se confundem e se completam numa lógica temporal fragmentada e distorcida, e num espaço delimitado, que são peças-chave para o desenvolvimento da trama.

Em terceiro lugar, vem o filme Cassino, lançado em 1995, também com direção de Martin Scorsese. Ainda retratando a história da máfia, este filme caminha para a legalidade dos cassinos, e remonta a vida de Frank Rosenthal, homem forte do mundo dos jogos. Conta com elenco e equipe técnica semelhante ao filme Os Bons Companheiros, acrescidos da bela Sharon Stone interpretando uma prostituta melancólica e confusa que se casa com Frank.

Lançado em 1997, Jackie Brown é, para mim, a história mais interessante dirigida por Quentin Tarantino. É para mim um dos melhor filme realizado nos anos 1990, filmografia obrigatória para quem gosta de um bom filme, um bom entretenimento, mas que exige qualidade e inteligência. Acredito que aqui Tarantino tenha aprimorado elementos que começou a desenvolver desde as filmagens de Pulp Fiction, talvez demonstrando seu amadurecimento cinematográfico, claro, em altíssimo estilo. A trilha sonora é uma fascinação à parte.

Lançado em 1999 e dirigido por Sam Mendes, Beleza Americana faturou 05 Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme, sendo o grande vencedor dos prêmios de cinema do ano seguinte. Acredito que tudo neste filme seja grandioso. A sua visão de mundo apresentada para o século XXI, as interpretações de Kevin Spacey e Annette Bening, o roteiro - que vai caminhando gradativamente, a direção segura, a fotografia nebulosa e envolvente, a comédia sutil e sarcástica em algumas cenas - principalmente em Kevin Spacey, o romance juvenil e o desejo sexual, o drama e a tragédia que fecham esta obra. Talvez os prêmios do filme já o fizessem grande o suficiente para colocá-lo na lista dos melhores filmes de todos os tempos. Contudo, acredito que a leitura do mundo pós-moderno que o filme apresenta, como a crise imobiliária norte-americana, o desemprego, o impacto avassalador da globalização no modo de vida americano que o mundo viria a importar, o consumo das drogas, a necessidade do sexo e do status, e a realização pessoal através da conquista profissional, tudo fervido num só caldeirão, fazem deste filme uma obra atemporal, mortal, única.