domingo, 15 de novembro de 2009

Intolerância: guerra e paz entre o vestido e a escada.



Ultraje, segundo nossa lexicologia, é definido como "ofensa grave". Quando ultrajamos o outro, com nossas aspirações, com nosso jeito de ser, com nossos anseios?

Recentemente, foi estampado em todos os meios de comunicação o caso da garota que vestiu um micro-vestido para ir a uma aula, em uma universidade no estado de São Paulo, despertando a libido exagerada dos alunos, e que na seqüência passou a ser alvo de exagerada euforia ofensiva por parte de um grupo de pessoas.

Após a confusão e os excessos, a jovem precisou ser escoltada pela polícia para sair do prédio, e ainda assim um coro uníssono continuava a ofensiva verbal.

Logo, começaram os debates nacionais televisionados sobre limites, adequações ao meio, intolerância, preconceito, racismo, violência contra a mulher, e por aí afora. Claro que todo debate é positivo, quando podemos despertar o respeito ao próximo, aos limites, ao respeito da individualidade.

Se a moça do micro-vestido queria se promover, é uma questão somente dela, e de mais ninguém. Criou-se essa delimitação social do adequado ao meio. Quem determina essa baboseira?

Agora, essa moralidade abstrata e virtual de roupa adequada ao local e situação adequada, isso é uma ignorância em extrato virgem. Como pode alguém querer determinar o que eu devo vestir e o significado de cada situação para mim? E mais, como pode alguém querer definir quem eu sou, minha identidade?

Parece-me que alguns iluminados sabem diferenciar o que é ou não é adequado, o que é moral ou imoral? Parece que quando avançamos, estamos na verdade regredindo, como se o relógio girasse ao contrário.

Se eu quero ser provocador, dissimulado, ou discreto, isso eu decido. E em qual momento eu achar conveniente; mesmo sendo inconveniente.

Agora (ou desde sempre) sou obrigado a imaginar que se alguém achar que estou fora do perfil social posso ser linchado, massacrado, extinto?

Então cada um deve se limitar a viver de acordo com as pretensões e opiniões dos outros, e não de seus próprios anseios e convicções?

São perguntas demais para respostas que nem sempre gostamos de ouvir, ou dar. Infelizmente sabemos cobrar o nosso limite, o nosso espaço, o respeito aos nossos pensamentos e crenças; porém, somos mestres em esquecer do que nos cerca e não é nosso, do que está fora de nosso umbigo. Aquilo que é meu é o correto. Aquilo que é do outro, é o fora do padrão.

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